Pegada Antártica

Quais são as pegadas que estamos deixando por onde passamos? 

O conceito “pegada” traduzido do termo em inglês “footprint” tem sido amplamente usado nas discussões e estudos para tomadas de medidas ambientais. Atualmente, podemos encontrar as expressões “pegada ecológica”, “pegada de carbono” e, mais recente, “pegada na Antártica” (footprint in Antarctica).

Para a Antártica, embora ainda não há uma padronização conceitual do termo, refere-se a uma medida da intensidade e extensão espacial de uma perturbação ambiental no continente. Mas, para não prolongarmos aqui na discussão conceitual, acesse para leitura complementar o artigo “What is footprint in Antarctica: proposing a set of definition” de Brooks e colaboradores (2018) no endereço eletrônico DOI: https://doi.org/10.1017/S0954102018000172

Nesta página, o termo ‘Pegada Antártica” foi escolhido para reportarmos quaisquer discussões e estudos sobre os impactos e alterações ambientais na Antártica, tais como: (i) alterações dos ambientes e suas comunidades biológicas devido às mudanças do clima e, consequente, do aquecimento global; (ii) entrada de espécies da flora e fauna exóticas na Antártica; e (iii) conduta ambiental, atividades humanas e seus impactos no continente.

A Antártica é um ambiente particularmente sensível às alterações ambientais. Devido ao seu distanciamento com outros continentes, à biodiversidade peculiar, o território coberto por aproximadamente 98% de gelo e o recente contato com as atividades humanas, os impactos ainda que considerados moderados para outros ambientes podem ser drasticamente avaliados e sofridos para os ecossistemas da Antártica.

As alterações no ambiente antártico ocasionadas pelas mudanças do clima da Terra, atualmente, são focos de estudos científicos e das múltiplas mídias nacionais e internacionais, devido ao consequente impacto global que tais alterações têm potencial para acarretar. No entanto, impactos silenciosos têm tomado proporções gigantescas na Antártica e estamos passando desapercebidos por eles.

Embora, as Partes do Tratado da Antártica se comprometem com a proteção do meio ambiente antártico, na forma mais abrangente, os impactos das atividades humanas sobre o continente são inevitáveis e encontram-se em ascensão na sua intensidade e expansão territorial.

“Grandes ameaças à biodiversidade antártica para o próximo século”

Os ecossistemas antárticos e a sua biodiversidade enfrentam dois desafios distintos, mas entrelaçados: mudança do clima e os impactos diretamente relacionados às atividades humanas no continente.
Os pesquisadores polares Convey e Peck (2019) publicaram uma recente revisão sobre “Mudança ambiental na Antártica e respostas biológicas” (Antarctic environmental change and biological responses DOI: 10.1126/sciadv.aaz0888). Os autores relatam que o aumento das atividades humanas na Antártica, em termos de mais infraestrutura, aumento do turismo e campanhas de campo nacionais, têm afetado diretamente os ambientes marinhos e terrestres e com um impacto muito maior, na escala de tempo do século 21, sobre os ecossistemas antárticos do que os efeitos das mudanças climáticas. Sendo as invasões de espécies da fauna e flora exóticas, as principais consequências.

Na figura esquemática abaixo, os autores mostram as regiões antárticas que estão sendo drasticamente afetadas, tanto pelo aumento das temperaturas quanto das atividades humanas. 

 

 

 

Principais ameaças à biodiversidade da Antártica para o próximo século. A intensidade em vermelho no mapa, evidencia as regiões mais responsivas às alterações do clima da Terra, com tendências para o aquecimento nos últimos 50 anos. As espécies não nativas atualmente estabelecidas na Antártica: mosquito (E. murphyi), alga marinha (U. intestinalis) e uma espécie de caranguejo (H. araneus). Para uma leitura completa deste estudo (Convey e Peck, 2019) acesse o endereço eletrônico DOI:http://10.1126/sciadv.aaz0888 

Os desafios são entrelaçados, uma vez que, à medida que o aquecimento global leva ao derretimento do gelo e aumento da precipitação no continente, tais eventos fornecem novas áreas livres de gelo que, consequentemente, leva ao aumento das populações de espécies nativas e maior probabilidade de estabelecimento das não-nativas.

Segundo Convey e Peck (2019), embora a mudança climática seja um dos maiores desafios globais que a sociedade humana enfrenta, as atividades humanas no continente e as invasões biológicas, atualmente, apresentam ser um dos maiores desafios para a conservação ambiental e equilíbrio ecológico na Antártica.

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